As rodovias do Amazonas poderão contar com sinalização para chamar atenção e orientar os motoristas, quanto à presença de ciclistas nas vias. Já que tramita na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) o Projeto de Lei (PL) que visa à instalação das placas. A proposta que é assinada pelo deputado Saullo Vianna (PPS), que lembra que as placas vão orientar os motoristas, sobre o cuidado com os ciclistas nas rodovias. De acordo com a matéria, serão instaladas “em todas as saídas dos municípios com acesso às rodovias, visando garantir melhor visualização pelo condutor”.
Entre as informações que estarão contidas na sinalização está a frases: “Cuidado! Ciclista na via!”. Segundo o parlamentar, por mais que o Código de Trânsito Brasileiro regulamente o uso das rodovias por ciclistas, mencionando seus direitos, como o de prioridade sobre os outros veículos, bem como deveres, tanto dos ciclistas quanto dos condutores de veículos, incluindo multa por infração cometida, o número de acidentes só aumenta.
O deputado cita matéria divulgada no mês de março de 2017, pela TV Globo, mostrando que 32 ciclistas são internados diariamente, devido a acidentes. Somente em 2014, morreram 1.357 ciclistas no trânsito de todo o Brasil. Em 2013, foram 1.348 mortes. Já em 2015, foram 10.935 internações de ciclistas, com um custo de R$ 13,2 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). No ano de 2016, houve 11.741 internações, com custo superior a R$ 14 milhões. “Como se não bastasse à falta de respeito e atenção dos condutores de veículos, após o acidente muitos não prestam socorro, favorecendo o risco de morte”, afirma Saullo Viana.
Medo de morrer atropelado
O engenheiro civil Paulo Aguiar, 51, que é coordenador geral da ONG Pedala Manaus e conselheiro regional da União de Ciclistas do Brasil (UCB) pela região norte, além de voluntário no projeto Bike Anjo no Brasil, também cita dificuldades enfrentadas pelos ciclistas da capital e defende medidas para maior segurança aos praticantes desse tipo de modal.
Paulo Aguiar enumera alguns problemas enfrentados por quem opta pelo modal em Manaus: falta de segurança e proteção no trânsito (medo de morrer atropelado); falta de infraestrutura adequada, funcional e segura (Manaus é a capital com a menor malha cicloviária do Brasil); falta de paraciclos e bicicletários; falta de campanhas de sensibilização e respeito ao ciclista; trânsito hostil e violento, ruas e vias com velocidade alta; falta de fiscalização e radares; a inexistência de intermodalidade (usar a bicicleta juntamente com o transporte público); falta de vontade política e de políticas públicas para o modal, além do descumprimento da política nacional de mobilidade urbana.
“Boa iniciativa”
Paulo Aguiar define como “boa iniciativa”, o projeto do deputado Saullo Vianna, mas acha que ele poderia também sugerir uma ciclovia ligando Manaus a Iranduba, Manacapuru e Novo Airão.
“Além de favorecer atletas, poderia estimular o cicloturismo, geração de renda e emprego e estimular o uso da bicicleta como meio de transporte entre os municípios. Em paralelo, poderia propor uma campanha de sensibilização, demonstrando os benefícios do uso da bicicleta, trazendo mais usuários para o modal. O ciclista só usará a bicicleta de forma regular se sentir seguro e somente as placas não trarão esse sentimento, ainda mais em rodovias cujas velocidades são acima de 90 km/h”, comentou.
Pedala Manaus
A Associação Ciclística Pedala Manaus existe há nove anos. Criada por um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a ONG atua de forma voluntária e sem fins lucrativos para o fortalecimento do uso da bicicleta como meio de transporte, de acordo com Paulo Aguiar, que é industriário e ciclista.
Ele explica que o Pedala Manaus tem três eixos de atuação: políticas públicas (pesquisas, levantamentos de dados, audiências públicas); ações sociais e desenvolvimento comunitário da cultura do uso da bicicleta (palestras, capacitações, oficinas, atividades educativas e de sensibilização e passeios noturnos). Aguiar defende o uso de bicicletas nas cidades. “Não polui, não faz barulho, não ocupa espaço, é modal de transporte, reduz congestionamentos, reduz gastos com saúde pública, permite acesso à cidade, democratiza os espaços”.
Em números
Usuários de bicicleta em Manaus de forma regular somam 4% da população (Ipea 2012). Já a malha cicloviária de Manaus é formada por 38 km (entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas). Percentual de usuários que usam a bicicleta como meio de transporte é de 88%.
*Informações da Diretoria de Comunicação da Aleam
Texto: Elizabeth Menezes