O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), disse neste domingo (17) ao jornal “Folha de S. Paulo” que um delegado da Polícia Federal antecipou ao filho do presidente – antes do segundo turno da eleição de 2018 – que seu ex-assessor Fabrício Queiroz seria alvo da Operação Furna da Onça. Ainda de acordo com Marinho, a PF segurou a operação para depois da eleição “porque isso poderia atrapalhar o resultado da eleição”.
Marinho, que rompeu com Bolsonaro depois de tê-lo apoiado na eleição e até ter cedido sua casa no Rio como QG extraoficial da campanha, é filiado ao PSDB e pré-candidato à prefeitura do Rio. Ele conta com apoio do governador de São Paulo, João Doria, desafeto de Bolsonaro.
“O delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio [o filho do presidente era deputado estadual na época]. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [que ainda era deputado federal] em Brasília’”, disse Marinho à “Folha”. “O delegado então disse, segundo eles: ‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’. Foram embora, agradeceram. Estou contando o que [Flávio Bolsonaro] me falou.”
Flavio Bolsonaro divulgou nota sobre o caso:
“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Doria e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.”
A operação, deflagrada em novembro de 2018, investiga esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos na Assembleia Legislativa do Rio. Queiroz é suspeito de cobrar a “rachadinha” – termo para descontar salários de servidores do gabinete. O Coaf detectou movimentação superior a R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz, amigo da família Bolsonaro. A filha dele trabalhava no gabinete do presidente quando este era deputado federal.