O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se encontrou com apoiadores na manhã desta Segunda-Feira (01) na saída do Palácio da Alvorada, e teceu críticas contra o ex-ministro Sergio Moro.
Bolsonaro chama Moro de “covarde” e afirmou a apoiadores que o ex-chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública se dedicou a criar dificuldades para flexibilização de leis sobre porte e posse de armas.
Ao citar a portaria que ‘orientava a prisão de civis’ na pandemia, e que o ex-ministro teria ficado calado na reunião ministerial, quando o presidente o questionou.
No ano passado, Bolsonaro tentou mais de uma vez flexibilizar regras relacionadas a armas por meio de decreto presidencial, um ato de ofício que se sobrepõe à opinião de deputados e senadores. O Congresso, no entanto, agiu para barrar o texto e aprovou medidas que inviabilizaram as intenções do chefe do Executivo federal.
“Para vocês entenderem quem estava do meu lado, essa IN (Instrução Normativa) 131 é da PF, mas por determinação do Moro. Ignorou decretos meus para dificultar a posse de arma de fogo para as pessoas de bem”, disse o presidente.
“Assim como essa IN, tem uma portaria também que o ministro novo revogou que, apesar de ter força de lei, ela orientava a prisão de civis”, disse Bolsonaro hoje de manhã.
“Por isso que naquela reunião secreta o Moro ficou calado de forma covarde. E ele queria ainda uma portaria depois que multasse quem estivesse na rua… Perfeitamente alinhado com outra ideologia que não a nossa. Graças a Deus ficamos livres dele”, completou.
Bolsonaro ainda voltou a defender a flexibilização de posse de armas legal.
“Arma legal não é para cometer crimes, mas para evitar crimes. Vagabundagem que sempre é defendida pela mídia tem arma ilegal. Tanto que a campanha do desarmamento nunca foi para cima de quem tinha arma ilegal, mas para cima do cidadão de bem. E naquela reunião reservada que foi classificada como secreta, não falei que o povo armado jamais será escravizado? O povo armado de forma legal.”
Mais tarde, Moro publicou uma nota em suas redes sociais rebatendo as declarações do presidente.
“Sobre políticas de flexibilização de posse e porte de armas, são medidas que podem ser legitimamente discutidas, mas não se pode pretender, como desejava o presidente, que sejam utilizadas para promover espécie de rebelião armada contra medidas sanitárias impostas por governadores e prefeitos, nem sendo igualmente recomendável que mecanismos de controle e rastreamento do uso dessas armas e munições sejam simplesmente revogados, já que há risco de desvio do armamento destinado à proteção do cidadão comum para beneficiar criminosos”, escreveu Moro.
Bolsonaro X Moro
Moro se tornou um adversário público do presidente desde que deixou o governo por discordar da exoneração do então delegado que estava no comando da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ex-ministro. O ex-juiz da Lava Jato pediu demissão e saiu acusando Bolsonaro de ter cometido crimes. Segundo Moro, Bolsonaro tentou coagi-lo a aceitar a troca, sob pena de ser demitido. Isso teria ocorrido durante reunião ministerial realizada no dia 22 de abril.
O impasse foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal).