O Facebook, em parceria com o Laboratório Forense Digital do Atlantic Council, apontou que Tércio Arnauld Tomaz era responsável por páginas nas redes sociais que foram banidas pelo Facebook nesta quarta-feira (8). Tomas é atualmente assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
As páginas era responsáveis por parte dos ataques a adversários políticos do presidente, como ministros do STF e o ex-titular da pasta da Justiça, Sergio Moro. Os perfis também, de acordo com a rede social, difundiam notícias falsas sobre a pandemia do novo coronavírus.
Tércio e outras cinco pessoas, entre ex e atuais assessores de bolsonaristas, foram identificados como ligados a essas páginas e perfis de desinformações no Facebook e no Instagram. Um dos envolvidos é funcionário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
O relatório da rede social acessou nomes das pessoas que registraram as contas falsas e muitas das postagens eram feitas em horário comercial.
De acordo com o documento, os perfis usavam contas duplicadas e falsas para escapar de punições, além de administrar páginas que simulavam ser veículos de imprensa e criar repórteres fictícios. Os perfis falsos também postavam em grupos que não tinham relação com política, como se fossem pessoas comuns, e criticavam opositores do governo Bolsonaro.
Tércio Arnauld Tomaz foi o único responsável pelas páginas identificado na investigação que trabalha diretamente com Jair Bolsonaro. Ele também administrou as redes sociais do então candidato do PSL durante a eleição de 2018. Antes, trabalhou como auxiliar de gabinete no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro. Sua página no Facebook foi excluída.
O assessor trabalha no Palácio do Planalto, em uma sala próxima do presidente. Ele faria parte do “gabinete do ódio”, junto com José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz.
Segundo o relatório da empresa, Tomaz era o responsável pela página “Bolsonaro Opressor 2.0”, que tinha mais de um milhão de seguidores no Facebook e já removida da rede social. Ela publicava conteúdos a favor do presidente, divulgava notícias falsas e fazia ataques a adversários políticos, como o governador do Rio de Janeiro,Wilson Witzel (PSC), e até ex-ministros do governo, como Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta.
Moro comentou a decisão do Facebook. Disse que “foi alvo da rede de mentiras que age por motivos político-partidários. Pessoas que perderam qualquer senso de decência“.
Ainda, Tomaz era responsável pela página “@bolsonaronewsss” no Instagram, também derrubada pelo Facebook. Embora o dono da página fosse anônimo, a informação de registro em seu código-fonte mostra que ela pertence a ele, segundo a investigação. Ela tinha 492 mil seguidores e um total de 11 mil publicações.
Nota do PSL
“A respeito da informação que trata da suspensão de contas do Facebook de alguns políticos no Brasil, não é verdadeira a informação de que sejam contas relacionadas a assessores do PSL, e sim de assessores parlamentares dos respectivos gabinetes, sob responsabilidade direta de cada parlamentar, não havendo qualquer relação com o partido.
Ainda, o partido esclarece que os políticos citados, na prática, já se afastaram do PSL há alguns meses com a intenção de criar um outro partido, inclusive, tendo muitos deles sido suspensos por infidelidade partidária. Ainda, tem sido o próprio PSL um dos principais alvos de fake news proferidos por este grupo.”
Nota do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ)
“O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos eles são livres e independentes.
Pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura.
Julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas.”
[…] Tercio Arnaud Tomaz já foi assessor de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Hoje é assessor especial de Jair Bolsonaro, com gabinete no Palácio do Planalto, salário de quase R$ 14 mil por mês e apartamento funcional. […]