A China ordenou nesta sexta-feira (24), o fechamento do consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu, no sudoeste do país. O anúncio foi feito poucas horas antes de terminar o prazo dado por Washington para que o governo chinês encerre a sua missão diplomática em Houston, no Texas.
O ministério de Relações Exteriores da China não especificou até quando a representação diplomática americana terá que ser fechada efetivamente. No caso de Houston, Donald Trump deu 72 horas aos diplomatas chineses.
O governo norte-americano mandou fechar a embaixada em Houston após dois hackers tentarem roubar informações sobre pesquisas de vacinas, segundo os americanos, a mando de serviços de espionagem do governo chinês. O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a medida tinha o objetivo de proteger a “propriedade intelectual e as informações privadas dos americanos”.
Na quinta-feira (23), secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que o consulado chinês em Houston era “um centro de espionagem chinesa” e de “roubo de propriedade intelectual”.
O gigante asiático considerou o fechamento de seu consulado em Houston uma “medida sem precedentes” e prometeu retaliação. O Ministério das Relações Exteriores chinês antecipou que “se via forçado a responder aos EUA” e avaliou que a medida americana “causou um prejuízo severo às relações dos dois países”.
A escolha do governo chinês de fechar consulado americano de Chengdu não foi aleatória. A representação diplomática cobre o sudoeste da China, incluindo a Região Autônoma do Tibete. Essa era representação diplomática americana mais próxima da metrópole de Chongqing, importante centro industrial e estratégica comercialmente para a China. Os trens de carga de Chengdu transportam produtos eletrônicos e outras mercadorias pela Ásia e Europa Oriental para os mercados da Europa Ocidental.
Inicialmente, especulou-se que o consulado de Wuhan seria escolhido pelo governo chinês, mas, segundo o jornal “New York Times”, ele estava parcialmente desativado desde o rigoroso lockdown imposto em 23 de janeiro na cidade onde surgiu a pandemia do novo coronavírus.
Mercado asiático
A medida chinesa provocou instabilidade no mercado asiático de ações. As bolsas de valores da região fecharam em baixa.
Shangai fechou em queda de 3,86%. Hong Kong perdeu 2,20%. Tóquio encerrou o pregão com prejuízo de 0,58%, desemprenho semelhante aos registrados na Coreia do Sul (-0,71%) e em Taiwan (-0,88%).
Tensão entre os dois países
As tensões entre os Estados Unidos e a China estão aumentando nos últimos meses. O governo do presidente Donald Trump trava uma guerra comercial com Pequim.
A imposição chinesa da nova lei de segurança nacional a Hong Kong, região de interesse comercial americano, levou Trump a suspender o tratamento especial que o país dava ao território semiautônomo. Washington afirma que lei destrói a autonomia da antiga colônia britânica. Pequim acusa os EUA de ingerência em seus assuntos internos.
Nos últimos meses, Trump culpou a China pela pandemia de Covid-19 e se refere ao Sars-Cov-2 como “o vírus chinês”. O mandatário americano acusa o governo chinês de não ter agido com transparência com relação à expansão de contaminações pelo novo coronavírus, que foi relatado pela 1ª vez na cidade de Wuhan, na província chinesa de Hubei.
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