Na noite dessa segunda-feira (5), o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reconciliaram e pediram desculpas mútuas, pelos atritos nas últimas semanas.
Durante um jantar propositalmente convocado por parlamentares, com guisado de bode no cardápio, ambos defenderam a pacificação e a continuidade da agenda de reformas.
Pedido de desculpas
“Na minha última eleição (para presidência da Câmara), a única pessoa do governo que me apoiou foi o ministro Paulo Guedes. Nos dias seguintes à presidência, por divergências, por erross… E assumo os meus, nós fomos nos afastando e, agora, na pandemia, mais ainda. Até na semana passada, deixo o meu pedido de desculpas, fui indelicado e grosseiro. Não é do meu feitio, ao contrário“, declarou Maia.
Presidente da Câmara ainda chamou de “dramática” a situação fiscal que o país se encontra e exaltou a importância da união entre Executivo e Legislativo para se discutir um novo programa de transferência de renda, que vai substituir o Bolsa Família.
Maia também citou a necessidade de modernização do Estado e da construção de um programa social que respeite o teto de gastos para “poder dar suporte a milhões de famílias que vão precisar do Estado brasileiro a partir de 1º de janeiro de 2021“, quando o governo deixa de pagar o auxílio emergencial, finalizou.
‘Página virada’
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também participou do jantar, embora não estivesse envolvido na “briga” entre Maia e Guedes. Segundo ele, a reaproximação foi “fundamental” para Executivo e Legislativo.
O senador garantiu que a relação agora é de “harmonia” e falou em assumir responsabilidades frente à população brasileira.
“Esse gesto de reaproximação foi fundamental para que a gente possa, a partir de amanhã, virar um página nessa construção que é coletiva. Cada um assumindo sua responsabilidade, dentro do papel institucional, de forma republicana e democrática. Essa reunião de hoje marca um novo iniciar dessa relação, com franqueza, com honestidade, com divergência, que é natural da vida pública as divergências, mas sempre respeitando, dialogando, para construir os consensos, porque, se nós levantarmos os dissensos, a gente não consegue construir os consensos“, declarou o presidente do Senado.
Sendo o último a falar, Paulo Guedes, também pediu desculpas ao a Maia e reforçou que os interesses do Brasil estão “acima de quaisquer divergências.”
“Eu nunca ofendi o presidente Rodrigo Maia. Isso não é ofensa pessoal, foi uma troca de opiniões. O presidente Rodrigo Maia falou: ‘Olha, você está atrasando a reforma tributária’. E eu: ‘Olha, e as privatizações aí?’ Isso são trocas de opinião. Não tem ofensa. Agora, eu, caso eu tenha ofendido o presidente Rodrigo Maia ou qualquer político que eu possa ter ofendido inadvertidamente, eu peço desculpas também. Não é um problema“, declarou Guedes.
Jantar de reconciliação
O jantar, articulado por parlamentares, aconteceu na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Maia chegou acompanhado do líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
Também participaram do encontro o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos – que chegou ao lado de Guedes –, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM) e os ministros do TCU José Múcio e Vital do Rêgo.
Guedes e Maia vinham protagonizando embates públicos nas últimas semanas. O mais recente ocorreu na última quarta-feira (30), quando o presidente da Câmara chamou o ministro da Economia de “desequilibrado“.
Maia estaria reagindo a uma declaração anterior de Guedes, que acusou o presidente da Câmara de “se aliar à esquerda” e emperrar a agenda de privatizações do governo [Jair Bolsonaro]. Apesar das críticas em público, Maia e Guedes aceitaram se reunir nesta segunda.
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