BRASÍLIA – Senadores ingressaram nesta quinta-feira (4) com um pedido de instalação de uma CPI para apurar a responsabilidade e omissão do governo federal no combate à pandemia da covid-19 no Brasil e, especificamente, no agravamento da crise sanitária no Amazonas.
O requerimento possui 30 assinaturas, três a mais das 27 necessárias para instalação da comissão. Os senadores amazonenses Omar Aziz (PSD), Eduardo Braga (MDB) e Plinio Valério (PSDB) assinaram o documento.
No caso de Plínio Valério, foi informado, erroneamente, de que ele não constava na lista de apoiadores até quarta-feira (3), sendo que o senador foi um dos primeiros a assinar o documento de apoio a criação da CPI.
Embora considere que não seja o momento para criação da comissão, Plínio disse que não poderia impedir os demais parlamentares de investigarem o caso. “São muito mais de 30 que querem investigar, eu sou solidário a eles”, justificou.
“Assinamos a CPI. Esperamos que ela seja instalada não para perseguir ou acusar quem quer que seja. Nós queremos apurar os fatos”, justificou Eduardo Braga.
O líder do MDB diz que é preciso apontar as responsabilidades dos governos seja no âmbito federal, seja no estadual.
Pedido
No requerimento, o senador Randolfe Rodrigues (na foto, na tela no plenário do Senado), autor da proposta, fez um relato sobre as “cenas de terror” vividas em Manaus com doentes morrendo por falta de condições mínimas para o correto tratamento.
“Há falta de itens essenciais para a sobrevivência desses indivíduos, chegando ao cúmulo de se deixar acabar as reservas de oxigênio medicinal de hospitais, resultando na morte de diversos pacientes nas primeiras semanas de janeiro na capital do Amazonas”.
Sobre o caos na capital amazonense, o senador amapaense questiona: “O governo federal não teve condições de se preparar com a devida antecedência para que esse cenário não se repetisse, evitando mortes de diversos manauaras?”
Ainda afirmou que Bolsonaro desrespeitou os profissionais locais quando afirmou que Manaus estava um caos por falta de “tratamento precoce”.
“É preciso analisar com urgência a grave omissão do governo federal, que foi alertado de que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus quatro dias antes da crise, mas nada fez para prevenir o colapso do SUS”, criticou.
Segundo o parlamentar, o próprio procurador da República no Amazonas, Igor da Silva Spindola, classificou a crise como “falta de coordenação” do governo Bolsonaro e de militares que atuam no ministério, que desconhecem o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
2º lugar
Randolfe destacou que o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de mortos pela Covid-19 com mais de 207 mil óbitos.
“O Brasil tem dado péssimo exemplo conquanto ao controle da pandemia. De modo irresponsável, o governo federal sistematicamente deixou de seguir as orientações científicas de autoridades sanitárias de caráter mundial, incluindo a Organização Mundial de Saúde”, justificou.
O parlamentar diz que o presidente Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde, Luis Mandetta e Nelson Teich, por não “seguirem as suas crenças e quimeras na condução de políticas públicas de saúde”.
Disse que o governo Bolsonaro tentou impedir que os estados e municípios pudessem tomar medidas para diminuir o ritmo de propagação do vírus, como o isolamento social, o uso de máscaras e álcool em gel.
“Após decisão do Supremo Tribunal Federal de garantir a autonomia dos entes e reafirmar que o cuidado com a saúde é uma competência comum, o governo Bolsonaro parece ter optado por lavar as mãos e se omitir, incentivando até mesmo tratamentos sem nenhuma evidência científica, além de atrapalhar os esforços dos prefeitos e governadores”, lembrou.
Vacinas
Por pura disputa ideológica e política, segundo o senador, o governo tentou desacreditar e retardar a vacina CoronaVac simplesmente porque ela foi desenvolvida por uma empresa chinesa em parceria com o Instituto Butantan.
“Depois, quando dezenas de países já tinham adquirido vacinas e preparado Planos de Vacinação, o Ministério da Saúde não havia nem assegurado um estoque adequado de agulhas e seringas, muito menos de vacinas”, acusou.
Lembrou ainda que até a metade de janeiro, enquanto mais de mil brasileiros morriam diariamente por causa da ausência de leitos, medicamentos e insumos, o país ainda não havia iniciado sua campanha de vacinação.
Assinaram o documento: Randolfe Rodrigues, Jean Paul Prates (PT-RN), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Fabiano Contarato (Rede-ES), Álvaro Dias (Podemos-PR), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Plínio Valério (PSDB-AM), Reguffe (Podemos-DF), Leila Barros (PSB-DF), Humberto Costa (PT-PE), Cid Gomes (PDT-CE), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Major Olímpio (PSL-SP), Omar Aziz (PSD-AM), Paulo Paim (PT-RS), José Serra (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Weverton (PDT-MA), Simone Tebet (MDB-MS), Rose de Freitas (MDB-ES), Rogério Carvalho (PT-SE), Renan Calheiros (MDB-AL), Eduardo Braga (MDB-AM), Rodrigo Cunha (PSDB-AL), Lasier Martins (Podemos-RS), Zenaide Maia (Pros-RN), Paulo Rocha (PT-PA), Styvenson (Podemos-RN) e Acir Gurgacz (PDT-RO).
*Com informações BNC AM