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Entenda por que o mercado tem criticado nome indicado por Lula para o IBGE

Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea e atual presidente do Instituto Lula, foi confirmado na quarta-feira (26) pelo governo para chefiar órgão responsável pelo PIB e pelo Censo

A indicação do economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não foi bem recebida por economistas do mercado financeiro.

Embora muitos ressaltem que a chefia do IBGE seja um cargo com pouca ou nenhuma influência para mudar os rumos da política econômica, pesa o fato de Pochmann chegar como uma espécie de “cota política” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na equipe econômica do governo, chefiada pelas pastas de Fernando Haddad, da Fazenda, e de Simone Tebet, do Planejamento.

Alguns contestam também a qualificação de Pochmann ao cargo, já que ele não teria experiência nas áreas de estatística, o principal pilar das atividades do IBGE. Há, porém, os que endossam seu histórico como economista.

“É um perigo para as estatísticas”, disse o economista e ex-presidente do IBGE Edmar Bacha em entrevista à âncora da CNN Raquel Landim.

“Houve um ataque à ciência, à cultura no Brasil no governo Bolsonaro. Agora o país vai colocar como centro do sistema alguém que fez uma desastrosa administração no Ipea. É um enorme risco para a credibilidade do sistema estatístico nacional”, disse Bacha, que foi também um dos idealizadores do Plano Real.

Pochmann é um quadro tradicional do Partido dos Trabalhadores e preside atualmente o Instituto Lula. Foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos primeiros governos de Lula, e é professor do curso de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).

O IBGE é o órgão do governo responsável por calcular e divulgar os grandes números do país, como o Censo, o PIB, a inflação e a taxa de desemprego, entre diversos outros.

Embora o IBGE seja um órgão subordinado ao Ministério do Planejamento, de Tebet, o anúncio de seu novo presidente foi feito na quarta-feira (26) diretamente pela Presidência da República, por meio do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Especial de Comunicação (Secom).

“Ele é ruim de estatística e não entende nada econometria”, disse um economista do mercado financeiro que preferiu não se identificar. “Conheço pessoas do Ipea e até mesmo do PT que trabalharam com ele e que não gostavam dele.”

O economista afirma, entretanto, que o fato de ele assumir o IBGE é menor. “O IBGE, como é o Ipea e é também o Ministério da Fazenda ou o Banco Central, é um órgão extremamente técnico, com ótimos profissionais, e o presidente não apita nada”, disse.

“Até por isso criticavam ele no Ipea, porque ele estava no meio de pessoas que sabiam muito.”

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, destaca a maneira como o anúncio foi feito.

“Não foi uma boa escolha, não apenas pelo nome em si, mas por ter passado por cima da Simone [Tebet] e não ser alguém com mais expertise para reerguer o IBGE”, disse.

“É uma pena o descaso que os últimos governos têm tido com o órgão e com as pesquisas que são feitas.”

Economista-chefe do Banco Master e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Gala minimiza a relevância da indicação, além de defender a qualificação de Pochmann.

“O Pochmann é um profissional supertécnico e com um currículo acadêmico mais que qualificado para assumir este cargo”, disse.

“Além disso, não muda absolutamente nada. O cargo do presidente do IBGE é absolutamente irrelevante do ponto de vista da política econômica. Não tem nenhuma relevância para os juros, para a política fiscal, nada.”

De acordo com seu currículo na plataforma Lattes, Porchmann é graduado em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1984, tem doutorado também em economia pela Unicamp (1993), onde leciona desde 1989.

Já venceu o prêmio Jabuti de literatura três vezes, por livros e artigos nas áreas de economia e desenvolvimento, e foi secretário de Desenvolvimento e Trabalho da cidade de São Paulo entre 2001 e 2004.

Ativo no Twitter, é conhecido de longa data pelas críticas ao neoliberalismo.

Em uma das mais recentes delas, em 2020, criticou o Pix, lançado naquele ano pelo Banco Central: “Com o Pix, [o] Bacen concede mais um passo na via neocolonial à qual o Brasil já se encontra ao continuar seguindo o receituário neoliberal”, escreveu em sua publicação na rede social.

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