A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém (PA) em novembro de 2025, terá como foco principal a discussão sobre o financiamento climático para países em desenvolvimento e a participação social. Essa é a avaliação da diretora da Fundação Europeia do Clima, Laurence Tubiana, que está no Brasil para participar de eventos paralelos ao G20.

Ela apresentou aos representantes brasileiros os detalhes da força-tarefa criada para debater a importância de mobilizar recursos financeiros para apoiar a transição de países em desenvolvimento e vulneráveis para uma economia de baixo carbono. Este grupo é liderado pela Fundação Europeia do Clima, em parceria com os governos da França, do Quênia e de Barbados, e já conta com o apoio de países como Espanha e Colômbia. Segundo a diretora, a ideia foi bem recebida no Brasil.

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“Existe a questão do financiamento internacional, essa é uma das razões da minha vinda aqui, para buscar novas fontes de financiamento, inclusive trabalhando a partir de novas formas de tributação internacional. Sabemos que existem fluxos de atividades que não têm contribuído no âmbito fiscal e que deveriam contribuir, pois se trata de um problema coletivo, sobretudo para os países em desenvolvimento que precisam desses recursos adicionais”, disse Laurence em entrevista na Embaixada da França.

Na última quinta-feira (22), a diplomata se reuniu com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Um dos temas discutidos foi a importância da participação da sociedade civil nas discussões da COP30, incluindo as comunidades indígenas.

“Acredito que as comunidades indígenas da Amazônia têm muito a contribuir, principalmente no combate às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade. Elas devem ocupar um espaço não apenas simbólico na definição de um plano nacional”, afirmou.

A diretora elogiou o Plano de Transição Ecológica do Brasil, que busca promover o desenvolvimento com base na preservação ambiental e na luta contra as mudanças climáticas. Segundo ela, além de combater as mudanças climáticas, o plano propõe medidas para o desenvolvimento econômico, a redução da pobreza e das desigualdades. “Até agora, acredito que o plano é bastante convincente e coerente, mas precisa ser implementado”, destacou.

Laurence Tubiana também criticou a participação do setor petroleiro nas últimas conferências sobre o Clima, especialmente na última edição realizada nos Emirados Árabes. “É importante que contribuam, mas não necessariamente precisam estar no centro dos debates”.

Em Brasília, a diretora também se reuniu com o assessor especial do presidente da República, Celso Amorim, além de representantes do Ministério da Fazenda, de Minas e Energia, do Itamaraty e do Banco Central, juntamente com representantes de organizações da sociedade civil. Na próxima semana, ela participará do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, em São Paulo, em um painel sobre as últimas tendências para fortalecer essa agenda.

Antes de ingressar na Fundação Europeia do Clima, Laurence foi embaixadora da França para as Mudanças Climáticas e representante especial para a COP21, desempenhando um papel fundamental na articulação do Acordo de Paris.

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