Empresas do setor siderúrgico têm planos de investir R$ 100,2 bilhões no Brasil até 2028. O valor foi divulgado na segunda-feira (20) após uma reunião entre representantes do setor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros da área econômica.

Os detalhes específicos sobre os investimentos não foram revelados. O anúncio ocorre logo após o governo anunciar cotas de importação por um ano para 11 tipos de produtos de aço e uma taxa de 25% sobre o que exceder os limites. Em fevereiro, o governo havia restabelecido tarifas de importação para cinco itens.

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O presidente Lula comemorou a decisão do setor siderúrgico nas redes sociais. “Além do lançamento do Novo PAC nestes 16 meses de governo, após encontrarmos um país desorganizado, também recebemos o anúncio de R$ 130 bilhões do setor automobilístico e agora estamos anunciando mais R$ 100 bilhões de investimentos da indústria siderúrgica nos próximos cinco anos”, escreveu.

Em uma coletiva de imprensa após a reunião, o vice-presidente Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, classificou a decisão como um “anúncio importante” e afirmou que os investimentos são fruto das políticas do governo de apoio ao setor siderúrgico.

“O resultado são R$ 100 bilhões em investimentos, melhorando a competitividade, gerando descarbonização, emprego e renda”, declarou Alckmin. Ele destacou que a imposição de cotas de importação é inédita na política industrial brasileira e que o governo tem utilizado outros instrumentos, como tarifas antidumping, sobretaxas para a comercialização de produtos abaixo do preço de custo, e que existem atualmente dez investigações comerciais em andamento.

De acordo com o vice-presidente, a política de apoio ao aço ajudará a reduzir a ociosidade no setor siderúrgico. “Houve uma grande preocupação em relação à importação de aço. Nos últimos anos, houve um aumento significativo da importação, levando à ociosidade em uma indústria de base importante”, acrescentou Alckmin. Ele ressaltou que o aço brasileiro poderá ser utilizado pela indústria automotiva, que nos últimos meses anunciou investimentos no país.

Repercussão

De acordo com o Instituto Aço Brasil, de janeiro a março, o Brasil importou cerca de 1,3 milhão de toneladas de aço, representando um aumento de 25,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos últimos anos, o setor tem criticado a concorrência desleal do aço estrangeiro, que tem limitado o crescimento da produção nacional.

O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, destacou que o setor investiu R$ 162 bilhões em 15 anos e emprega 2,9 milhões de pessoas. No entanto, as siderúrgicas nacionais operam com aproximadamente metade da capacidade instalada, tendo produzido 26,6 milhões de toneladas, mesmo possuindo um potencial de produção de 51 milhões. Segundo Jefferson, no ano passado, 26% do aço consumido no país foi importado, com 58% vindo da China.

O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Ricardo Alban, que também esteve presente no anúncio, celebrou a iniciativa, mas pediu medidas em relação a outros setores que enfrentam problemas de concorrência com produtos importados. Ele citou os setores petroquímico, químico, de fertilizantes e da construção civil como áreas que necessitam de ações.

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