Em uma grande mudança, negociadores israelenses indicaram que Israel poderia liberar um grupo de prisioneiros palestinos de alto perfil cumprindo longas penas de prisão em troca da liberdade de alguns dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza, informam autoridades.

A mudança na estratégia de negociação israelense, que não foi anunciada publicamente, é significativa porque pode ajudar a persuadir o Hamas a libertar soldados israelenses capturados em outubro e concordar com um acordo que pausaria temporariamente os combates na Faixa de Gaza.

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Esforços internacionais para alcançar um cessar-fogo emperraram devido à recusa de Israel em liberar palestinos condenados por assassinato e em se comprometer com um cessar-fogo permanente, duas medidas pelas quais o Hamas está insistindo.

Agora, negociadores israelenses concordaram privadamente com uma proposta dos EUA que prevê a libertação de cinco soldados israelenses em troca de 15 palestinos condenados por acusações de terrorismo grave, de acordo com duas autoridades familiarizadas com os esforços de mediação em andamento. As autoridades falaram sob anonimato devido à sensibilidade das discussões, que ocorreram durante uma reunião com representantes do Egito, Catar e Estados Unidos em Paris na semana passada.

A ideia é vista como a base para negociações com o Hamas, que ainda não respondeu à proposta. O governo israelense havia evitado anteriormente tal concessão em parte porque a libertação de palestinos condenados por atos de terrorismo sérios, mesmo em troca de reféns israelenses, atrairia críticas domésticas significativas.

Questionado sobre a posição dos negociadores, o escritório de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, se recusou a comentar.

Outros elementos de um possível acordo — incluindo a duração de um cessar-fogo e a demanda do Hamas por uma retirada completa das forças militares israelenses de Gaza — ainda estão em discussão.

No entanto, a ideia poderia impulsionar as negociações, pois os representantes correm para concluir um acordo antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadã, em cerca de duas semanas. Uma delegação israelense era esperada no Catar já na segunda-feira para continuar as negociações com mediadores internacionais. Segundo uma das autoridades, oficiais de inteligência israelenses acreditam que Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza, se mostrou mais receptivo nas últimas semanas a um acordo que, teoricamente, permitiria apenas um cessar-fogo temporário — esperando que se torne permanente uma vez em vigor.

A ideia faz parte de uma proposta mais ampla dos EUA que permitiria a libertação de 40 dos cerca de 100 reféns que foram capturados nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro e que acredita-se ainda estarem vivos em Gaza. Eles incluem cinco soldados israelenses e civis, incluindo pessoas doentes, feridas e idosas. Não inclui soldados homens israelenses, cuja libertação será objeto de uma negociação separada, disse uma das autoridades.

Sete dos 35 prisioneiros civis que serão libertados são mulheres que Israel disse que deveriam ter sido libertadas durante o último cessar-fogo e troca de prisioneiros em novembro. Para a libertação dessas sete mulheres, Israel propôs a libertação de 21 detentos palestinos, a mesma proporção de três para um observada durante a troca anterior.

Seriam libertados mais palestinos para cada um dos reféns restantes, incluindo seis para cada homem civil de 50 anos ou mais e 12 para cada homem doente ou ferido. Para cada uma das cinco soldados israelenses em cativeiro, Israel liberaria três “prisioneiros pesados” — os que se acredita serem responsáveis por ataques graves — e 15 outros.

Israel frequentemente concordou com trocas de prisioneiros desproporcionais em conflitos com o Hamas. Em 2011, libertou mais de 1.000 prisioneiros palestinos para garantir a liberdade de um soldado capturado, Gilad Shalit.

Julian E. Barnes contribuiu com reportagem de Washington.

— Ronen Bergman e Patrick Kingsley

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