Há quase trinta anos, um pastor de ovelhas bósnio fugiu de sua casa na Iugoslávia em colapso, viajando com sua família por 40 dias para escapar do início de uma guerra que dividiria vizinhos. Ao retornar à sua aldeia, Socice, mais de uma década depois, encontrou apenas uma fração dos habitantes originais, com lojas e escolas desaparecidas. Esta situação não é única, refletindo um fenômeno global de áreas rurais perdendo população para centros urbanos.
Na região de maioria sérvia da Bósnia, a diminuição da população é ainda mais acentuada, com altas taxas de emigração e um baixo índice de natalidade. A crise demográfica presente em todo o país é evidenciada pelos esforços fúteis de políticos extremistas para aumentar a população local, enquanto em outras regiões da Europa, como Hungria e Polônia, a situação não é muito diferente.
Essa tendência de despovoamento afeta não apenas regiões rurais, mas também vilas e cidades maiores. Em Socice, velhos e jovens partiram em busca de oportunidades fora do país. O censo mais recente apresentou uma redução significativa na população total da Bósnia, levando a preocupações sobre o futuro do país e a viabilidade de suas comunidades locais.
Para combater o declínio populacional, são necessárias soluções urgentes e eficazes, especialmente em uma nação fragmentada por tensões étnicas e políticas. Um novo censo poderia fornecer dados mais precisos e atualizados sobre a população, mas até mesmo isso é contestado por líderes manipuladores que buscam manter seu poder de modo a satisfazer seus interesses pessoais, em detrimento do bem-estar coletivo.
O declínio demográfico é um desafio que exige uma abordagem multifacetada, envolvendo políticas de incentivo à natalidade, combate à corrupção e melhoria das condições econômicas e sociais. Para os jovens como Enis Katina, a decisão de permanecer ou emigrar é influenciada não apenas por questões de estabilidade política, mas também por um sentimento de desesperança em relação ao futuro.
Neste contexto complexo, a Bósnia enfrenta não apenas um inverno demográfico, mas também uma crise de confiança em suas instituições e líderes. O desafio é grande, mas não insuperável, desde que haja vontade política e esforços coordenados para enfrentar os desafios que ameaçam a viabilidade de suas comunidades e a sustentabilidade de seu tecido social.
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