Após o presidente argentino Javier Milei anunciar o fechamento da agência pública de notícias do país na sexta-feira (1º), a Télam saiu do ar e quem tenta acessar a página do veículo encontra a mensagem “página em reconstrução”.
Além disso, os trabalhadores do portal receberam um comunicado neste domingo (3), do interventor do órgão, Diego Chaher, informando que estavam dispensados do trabalho pelos próximos 7 dias. Ao mesmo tempo, o prédio que abriga a agência foi cercado por grades, impedindo o acesso ao local.
Organizações que representam os jornalistas da Argentina promovem um ato nesta segunda-feira (4) em frente à sede da Télam, em Buenos Aires, em protesto contra o anúncio do governo.
“O que estão fazendo é atentar contra a liberdade de expressão. Isso não havia passado na democracia. A agência tem 78 anos de existência, garante um serviço em todo o país, não somente de maneira gratuita, por meio do portal, mas seus serviços de cabos, fotos, boletins, fotografia, áudio e vídeo”, destacou Carla Gaudensi, secretária-geral da Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren) em entrevista à Rádio Mitre, da Argentina.
Como justificativa para a decisão de fechar a Télam, Milei argumentou que a agência tem sido utilizada como “meio de propaganda kirchnerista”. O kirchnerismo é o movimento político argentino liderado pelos ex-presidentes Néstor (2003-2007), morto em 2010, e pela ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).
Em fevereiro, Milei interviu em todos os meios públicos da Argentina, trocando as diretorias por gestores diretamente nomeados pelo governo. A medida foi interpretada como um primeiro passo para privatização ou extinção dos meios públicos argentinos, sendo essa uma das promessas de campanha do presidente ultraliberal.
Um ato em frente à sede da Télam em protesto contra o fechamento foi organizado por organizações que representam os jornalistas da Argentina em resposta ao anúncio do governo.
A agência de notícias Télam, criada há 78 anos, é a única agência de notícias na Argentina com correspondentes em todas as províncias do país. Com mais de 700 funcionários, a Télam produz cerca de 500 matérias e 200 fotos por dia, mantendo um ecossistema com departamento de vídeo, rádio, o site telam.com.ar e redes sociais.
Ao longo de sua história, a Télam enfrentou diversas tentativas de fechamento e demissões durante diferentes governos presidenciais na Argentina. Criada como uma empresa mista para quebrar o duopólio existente em matéria de informação, a Télam é uma peça fundamental no cenário de comunicação do país.
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