Nenhum país do mundo oferece igualdade de oportunidades para mulheres e homens no mercado de trabalho, concluiu o Banco Mundial em seu novo relatório, divulgado poucos dias antes do Dia Internacional da Mulher.

De acordo com o banco, a diferença de gênero é ainda mais profunda do que se pensava, e reduzi-la poderia aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) global em mais de 20%.

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“Considerando as diferenças legais relacionadas à violência e cuidados infantis, as mulheres desfrutam de menos de dois terços dos direitos que os homens possuem. Nenhum país proporciona oportunidades iguais para mulheres – nem mesmo as economias mais desenvolvidas”, informou o Banco Mundial em comunicado nesta segunda-feira.

Essa é a primeira vez que o banco avalia as disparidades entre reformas legais e sua efetiva implementação para mulheres em 190 economias ao redor do mundo. “A análise revela uma lacuna chocante na implementação de políticas para promover a igualdade de gênero”, lamentou a instituição.

O Banco Mundial explica que, embora as leis existentes sugiram que as mulheres possuem cerca de dois terços dos direitos dos homens, “os países estabeleceram, em média, menos de 40% dos sistemas necessários para sua efetiva aplicação”.

Como exemplo, 98 economias têm leis que exigem igualdade salarial para mulheres e homens desempenhando o mesmo trabalho; no entanto, “apenas 35 economias – menos de uma em cada cinco – adotaram medidas de transparência salarial ou mecanismos de execução para resolver as disparidades salariais”.

Para Indermit Gill, economista-chefe do Grupo do Banco Mundial, “as mulheres têm potencial para impulsionar significativamente a economia global”.

“Ainda assim, em todo o mundo, leis e práticas discriminatórias impedem as mulheres de trabalhar ou criar negócios em pé de igualdade com os homens. Eliminar essa lacuna poderia aumentar o PIB global em mais de 20%, praticamente dobrando a taxa de crescimento global na próxima década”, garantiu o economista.

Segurança e cuidados infantis

Uma das áreas onde a diferença de oportunidades entre mulheres e homens é mais evidente é a segurança. Segundo o Banco Mundial, as mulheres possuem apenas um terço das proteções legais necessárias contra violência doméstica, assédio sexual, casamento infantil e feminicídio.

“Apesar de 151 economias possuírem leis que proíbem o assédio sexual no ambiente de trabalho, apenas 39 possuem leis que o proíbem em espaços públicos. Isso frequentemente impede as mulheres de utilizar transporte público para ir ao trabalho”, explicou o relatório.

Outra área é a dos cuidados infantis, com mulheres dedicando, em média, 2,4 horas a mais por dia ao cuidado de crianças do que os homens.

“A expansão do acesso a creches tende a aumentar a participação das mulheres na força de trabalho em cerca de um ponto percentual inicialmente, e esse efeito mais do que dobra em cinco anos”, adiantou o Banco Mundial.

No entanto, apenas 78 economias (menos da metade do total) oferecem algum apoio financeiro ou fiscal aos pais com filhos pequenos, e apenas 62 (menos de um terço) possuem padrões de qualidade para serviços de cuidados infantis. “Atualmente, apenas metade das mulheres participa da força de trabalho global, em comparação com quase três em cada quatro homens. Isso não é apenas injusto, é um desperdício”, considerou Tea Trumbic, principal autora do relatório.

No empreendedorismo, por exemplo, “apenas uma em cada cinco economias implementa critérios de gênero nos processos de contratação pública, excluindo em grande parte as mulheres de uma oportunidade econômica que movimenta US$ 10 bilhões anualmente”.

A discrepância de direitos se estende até a aposentadoria, com 62 países tendo idades diferentes para homens e mulheres se aposentarem.

“Mulheres tendem a viver mais do que homens, mas, por ganharem menos enquanto trabalham, tirarem folga para cuidar dos filhos e se aposentarem mais cedo, acabam recebendo benefícios de aposentadoria menores e enfrentando maior insegurança financeira na velhice”, acrescentou o relatório.

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