Impulsionada pelas exportações de petróleo e pela safra de algodão, soja e café, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou fevereiro com superávit de US$ 5,447 bilhões, informou nesta quarta-feira (6) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse resultado é o melhor para meses de fevereiro e representa um aumento de 111,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Com o resultado de fevereiro, a balança comercial acumula superávit de US$ 11,942 bilhões nos dois primeiros meses deste ano, o maior valor desde o início da série histórica em 1989. Isso representa um aumento de 145,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Em relação ao mês, as exportações aumentaram, enquanto as importações permaneceram estáveis. No último mês, o Brasil vendeu US$ 23,538 bilhões para o exterior, um aumento de 16,3% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse é o maior valor já exportado para meses de fevereiro desde o início da série histórica. As importações totalizaram US$ 17,670 bilhões, um aumento de 2,4%.

No que diz respeito às exportações, a safra recorde de café e soja, juntamente com a recuperação do preço do açúcar e minério de ferro, compensaram a queda internacional do preço de algumas commodities (produtos primários com cotação internacional). Além disso, as exportações de petróleo bruto aumentaram 119,7%, beneficiadas pelo atraso na contabilização de algumas exportações.

Quanto às importações, a redução nas compras de petróleo, derivados e compostos químicos foi o principal fator responsável pelo saldo positivo na balança comercial.

Após atingir recordes em 2022, decorrentes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities vêm caindo desde meados de 2023. A exceção principal é o minério de ferro, cuja cotação tem subido devido aos estímulos econômicos da China, principal compradora do produto.

No último mês, o volume de mercadorias exportadas aumentou 20,9%, enquanto os preços caíram em média 3,8% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 13,3%, mas os preços médios caíram 10,4%.

Setores

No setor agropecuário, a safra de grãos e algodão foi o destaque nas exportações. O volume de mercadorias exportadas aumentou 34,5% em fevereiro em comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 17,1%. Na indústria de transformação, a quantidade aumentou 6%, com o preço médio recuando 0,6%. Na indústria extrativa, que inclui a exportação de minérios e petróleo, a quantidade exportada aumentou 61%, enquanto os preços médios subiram apenas 1,9%.

Os destaques nas exportações agropecuárias foram algodão bruto (498,1%), café não torrado (71,5%) e soja (4,5%). Em termos absolutos, o algodão teve a maior alta, com um aumento de US$ 406,5 milhões em relação a fevereiro do ano passado. A safra recorde levou o volume de exportação de algodão a aumentar 497,8%, apesar do preço médio ter aumentado apenas 0,04%.

Nas exportações da indústria extrativa, as maiores altas foram registradas em óleos brutos de petróleo (119,7%), minério de ferro (41,4%) e minérios preciosos (que saltou de zero para US$ 39 milhões). Quanto ao ferro, a quantidade exportada aumentou 21,4% e o preço médio subiu 16,5%.

No caso dos óleos brutos de petróleo, também categorizados na indústria extrativa, os preços médios caíram 6,1% em relação a fevereiro do ano passado, enquanto a quantidade exportada aumentou 134%.

Na indústria de transformação, as maiores altas foram registradas em açúcares e melaços (201,2%), carne bovina (32,2%) e farelos de soja e outros alimentos para animais (9,8%). A crise econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também impactou o crescimento das exportações desta categoria. As vendas para o país vizinho caíram 30% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado.

No que diz respeito às importações, os principais recuos foram observados nos seguintes produtos: cevada não moída (50,8%), soja (44%) e látex e borracha natural (38,8%), na agropecuária; minérios de cobre (100%) e óleos brutos de petróleo (16,8%), na indústria extrativa; compostos organo-inorgânicos (21,8%) e adubos ou fertilizantes químicos (32%), na indústria de transformação.

No caso dos fertilizantes, cujas importações ainda são afetadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços médios caíram 25,5% e a quantidade importada recuou 8,8%.

Estimativa

Apesar da desvalorização das commodities, o governo projeta um superávit de US$ 94,4 bilhões para este ano, com uma queda de 4,5% em relação a 2023. A próxima projeção será divulgada em abril.

De acordo com o MDIC, as exportações devem aumentar 2,5% este ano, chegando a US$ 348,2 bilhões. Já as importações devem avançar 5,4%, totalizando US$ 253,8 bilhões. As importações devem aumentar devido à recuperação da economia, que leva ao aumento do consumo, em um cenário de preços internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

As previsões são um pouco mais otimistas do que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada semanalmente pelo Banco Central, projeta um superávit de US$ 80,98 bilhões para este ano.

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