O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou hoje (27), em São Paulo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuará buscando uma maior aproximação com a União Europeia. Para Haddad, um acordo entre o Mercosul e a União Europeia trará benefícios para ambas as partes e deve se fortalecer nos próximos anos.

O ministro fez essas declarações durante o 8º Fórum Econômico Brasil-França, que está acontecendo na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O evento conta com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron, que é crítico do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ele foi recebido no local pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

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Haddad comparou um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia à aprovação da reforma tributária no Brasil. Segundo ele, o Brasil levou 40 anos para aprovar a reforma tributária que “resolveu o caos tributário”. “Não devemos abandonar esse acordo. Se foi possível aprovar a reforma tributária após 40 anos, por que não, após 20 anos, aprovar um bom acordo entre a União Europeia e o Mercosul?”, questionou o ministro.

No evento, que reuniu empresários e representantes dos governos dos dois países, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Antonio Ricardo Alvarez Alban, defendeu uma avanço no acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

“Reconhecemos os desafios enfrentados tanto pelo Brasil quanto pela França em relação ao tratado. No entanto, estamos confiantes de que, a longo prazo, os benefícios da integração entre as duas regiões superarão as adversidades iniciais, trazendo ganhos significativos para o Brasil, a França e os demais signatários do acordo”, disse.

A ideia foi reforçada pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes. “O acordo comercial entre o Brasil, o Mercosul e a União Europeia trará benefícios para ambas as regiões, especialmente para a França, um país rico em cultura e tecnologia”.

Inflação e PIB

Em sua fala, Haddad também destacou que a economia brasileira está passando por um momento macroeconômico favorável, com a inflação dentro da meta e crescimento do emprego. “Hoje foi divulgado o resultado do Caged, que mostrou que, no mês passado, foram criados 306 mil novos empregos no Brasil. Em janeiro, um mês geralmente mais fraco, geramos 180 mil novos empregos, o dobro do ano passado. Acreditamos que a economia está seguindo seu curso, sem pressionar os preços se soubermos administrar bem a política econômica”, afirmou.

Haddad também comentou sobre as expectativas do governo em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Este ano, as estimativas do governo apontam para um crescimento de 2,2%, mas elas devem ser revistas para um patamar de 2,5% ou mais. Devemos superar as expectativas do mercado”, disse. “Estamos construindo a infraestrutura econômica para que o Brasil aumente seu PIB potencial, que até outro dia todos diziam ser inferior a 2%. Acredito que, se o Brasil crescer menos que a média mundial, algo está errado com as políticas que estão sendo adotadas”, concluiu.

Para Haddad, a economia brasileira tende a se manter favorável e em crescimento com as reformas enviadas ao Congresso e também com a “vantagem do Brasil na transformação ecológica”.

Antes de Haddad, o secretário nacional de transição energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, enfatizou a importância da transição energética para o governo brasileiro. “O tema deste encontro, transformação ecológica, é essencial para nós. Essa é a visão estratégica que orienta uma ampla gama de políticas que estamos desenvolvendo [no governo]”, afirmou.

De acordo com Barral, esse processo faz parte do objetivo do governo brasileiro de universalizar e combater a pobreza energética no país. “Essa transição energética precisa ser justa e inclusiva. Estamos falando de investimentos bilionários que vão alcançar várias regiões do país e exigem de nós esse compromisso de que o processo seja justo e inclusivo”, acrescentou.

Oportunidades e desafios

Em seu discurso no evento, o presidente da CNI também destacou que o fórum é uma oportunidade para discutir as oportunidades e desafios das relações econômicas entre o Brasil e a França. “Além de fortalecer os laços entre Brasil e França, podemos oferecer propostas de soluções para questões globais, como a expansão de uma economia de baixo carbono e o aumento da competitividade de nossas indústrias no cenário mundial”, afirmou, reforçando que o Brasil é o principal mercado para os investimentos franceses em países emergentes.

“Atualmente, a França é o quinto maior investidor direto no Brasil e possui mais de 1.150 subsidiárias de empresas estabelecidas no país, empregando 520 mil pessoas e faturando 61 bilhões de euros por ano. A dinâmica de nossas relações econômicas é baseada tanto no comércio quanto no investimento”, acrescentou. “Neste cenário, há oportunidades para equilibrarmos a balança comercial. A França é o nono maior fornecedor do Brasil. Em contrapartida, o Brasil ocupa a trigésima sexta posição na lista dos países exportadores para a França”, completou.

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