Desde 2004, quando o sistema foi criado, houve duas fomes, de acordo com essa definição. Em 2011, a I.P.C. declarou fome em partes da Somália, que havia passado décadas em conflito. Anos de seca arruinaram o setor agrícola e a economia, forçando muitas pessoas a deixarem suas casas em busca de comida. Ao mesmo tempo, um grupo insurgente islâmico bloqueou pessoas famintas de fugirem e expulsou organizações de ajuda do Ocidente. No total, cerca de 250.000 pessoas morreram.

Seis anos depois, uma fome foi declarada em partes do Sudão do Sul. O país havia sofrido anos de seca, mas a ONU disse que a fome foi causada pelo homem. Milhões de pessoas haviam fugido por causa de uma guerra civil, destruindo a economia do país, e as forças rebeldes e soldados do governo bloquearam a ajuda e sequestraram caminhões de comida. Dezenas de milhares morreram.

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Gaza é pequena e principalmente urbana, então a comida deveria estar próxima.

Gaza tem apenas 25 milhas de comprimento e é em grande parte urbana, e não há escassez de comida do outro lado de suas fronteiras, com Israel e o Egito.

Ainda assim, agências de ajuda têm dificuldade em fazer seus trabalhos. Seis meses de guerra incluíram o assassinato de dezenas de trabalhadores humanitários, incluindo sete da World Central Kitchen, o grupo de ajuda fundado pelo chef José Andrés. Esses funcionários foram mortos por um ataque de drone israelense em 1º de abril após entregarem toneladas de comida a um depósito.

Há uma forte discordância em Gaza entre a ONU e o governo israelense sobre a quantidade de ajuda que está entrando em Gaza diariamente, mas organizações de ajuda dizem que precisam de melhor acesso, especialmente ao norte de Gaza. As autoridades israelenses negaram repetidamente permissão para comboios de ajuda se moverem dentro de Gaza, dizem eles.

Arif Husain, o economista-chefe do Programa Mundial de Alimentos, disse que o que tornou a situação em Gaza tão chocante foi a escala e a gravidade da crise e o quão rapidamente ela se desenvolveu.

Israel afirma que não impôs limites à ajuda. Críticos discordam.

Críticos da maneira como Israel está conduzindo a guerra dizem que a crise de fome decorre principalmente das restrições de Israel sobre onde os caminhões podem entrar e de um processo de inspeção oneroso. Alguns acusaram Israel de retardar a ajuda para punir os gazenses pelo ataque de 7 de outubro.

Autoridades israelenses dizem que não impuseram limites à quantidade de ajuda que pode fluir para Gaza. Eles culpam a ONU, particularmente a UNRWA, a principal agência que ajuda os palestinos, por não distribuir a ajuda de forma eficaz.

COGAT, a agência israelense responsável pela coordenação das entregas de ajuda a Gaza, diz que “aumentou” as entregas nos últimos dias e está abrindo um ponto de entrada adicional no norte de Gaza. De uma forma mais ampla, o governo israelense responsabiliza o Hamas por todo o sofrimento civil em Gaza. (A UNRWA disse no mês passado que Israel havia negado ao grupo acesso ao norte de Gaza, embora Israel tenha rebatido essa afirmação.)

Governos de todo o mundo instaram Israel a resolver rapidamente a crise. O presidente Biden alertou na semana passada que os Estados Unidos poderiam reter apoio a Israel se não garantisse entregas adequadas de ajuda e proteção aos civis. Na quarta-feira, o Sr. Biden disse que as medidas tomadas por Israel desde então não eram “suficientes”.

Adam Sella contribuiu com a reportagem.

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