Manaus – Alvo da segunda fase da Operação Sangria, o vice-governador do Amazonas Carlos Almeida Filho (PTB), afirmou em depoimento à Polícia Federal que Wilson Lima (PSC), indicou a participação do empresário Gutemberg Alencar para atuar na Secretaria de Saúde (Susam). Alencar é apontado pela investigação como o responsável por intermediar, sob o comando do governador, a compra superfaturada de 28 respiradores, no valor de R$ 2,9 milhões, com sobrepreço de 133% e dispensa de licitação.
A Operação Sangria foi aberta no fim de junho, cumprindo 20 mandados de busca e apreensão e outros oito de prisão. Na ocasião, o principal alvo foi o governador Wilson Lima. Além disso, a então Secretária de Saúde, Simone Papaiz, foi presa na ação. No dia 8 de outubro, a polícia deflagrou a ‘Sangria 2’, com cinco mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão contra seis investigados, entre eles Carlos Almeida.
De acordo com publicado pelo site ‘UOL’, depoimento do vice-governador aponta “que em março deste ano o governador o colocou em contato com Gutemberg; que manifestou ao governador suas resistências e desagrado em tratar com ele (…) Quando do início da pandemia, Wilson Lima o contatou afirmando que Alencar queria ajudar o governo durante a pandemia (…) Que sempre quis manter distância de Alencar”.
Alencar participou da campanha de Wilson Lima e Carlos Almeida em 2018. No entanto, Almeida informou à PF que não manteve contato com o empresário.
Rodrigo Tobias
As declarações do vice-governador Carlos Almeida corroboram com o depoimento prestado pelo ex-secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, também investigado na operação ‘Sangria 2’. Tobias informou à PF, que o operador de Lima era Gutemberg Alencar e que ele se apresentava como “indicado pelo próprio governador para orientar o governo onde haveria disponibilidade de respiradores para aquisição”.
O ex-secretário também relatou à PF a pressão que sofreu da subsecretária de Saúde Dayana Mejia e da ex-secretária de comunicação Daniela Assayag. Segundo as investigações, um dos sócios da empresa Sonoar, fornecedora de respiradores, é o médico e empresário Luiz Carlos Avelino Júnior, marido da ex-secretária de Comunicação do Estado. Ele foi preso temporariamente durante a segunda fase da Operação Sangria da PF, deflagrada no dia 8 de outubro.
Alencar
Nesta segunda fase da operação Sangria, Alencar cumpriu dez dias de prisão temporária. O empresário informou à PF que não tinha relação de amizade com Wilson Lima. Em depoimento, ele disse que chegou a participar da campanha de Wilson Lima fazendo a interlocução com agentes políticos no interior do Estado.
Alencar disse que não houve pedido do governador para a compra de respiradores da Vineria Adega ou da Sonoar, empresas envolvidas no esquema. E que sugeriu a importação dos equipamentos “por obrigação humanitária”.