Quando o principal líder da China, Xi Jinping, recebe o Presidente Vladimir V. Putin da Rússia esta semana, espera-se que os dois líderes apresentem uma frente unida. No entanto, eles têm agendas diferentes.

Putin está tentando intensificar sua guerra na Ucrânia antes que as forças ucranianas possam receber um reabastecimento de armas dos Estados Unidos e provavelmente quer saber que pode contar com a China. Xi buscará fortalecer seu parceiro estratégico e “velho amigo”, mas também está sob pressão para evitar alienar ainda mais o Ocidente por seu apoio à Rússia.

Patrocinado

Essas prioridades são o pano de fundo da visita de estado de dois dias de Putin, que começou em Pequim na quinta-feira e incluirá uma viagem à cidade nordestina de Harbin, onde está sendo realizada uma feira comercial entre China e Rússia.

Putin provavelmente buscará mais ajuda de Pequim, que tem fornecido um salva-vidas para o Kremlin desde que sanções ocidentais foram impostas à Rússia por sua invasão da Ucrânia há mais de dois anos. A China compra enormes quantidades de petróleo russo e fornece tecnologias que ajudam Moscou a resistir ao seu isolamento econômico e a sustentar sua máquina de guerra.

Xi considera a Rússia um contrapeso importante na rivalidade da China com os Estados Unidos, mas ele corre o risco de alienar a Europa, um parceiro comercial chave, em um momento em que a China depende de exportações para reviver sua economia em desaceleração.

A visita é a primeira viagem internacional de Putin desde que venceu sua quinta eleição presidencial em março. Xi mostrou o mesmo respeito a Putin quando fez da Rússia sua primeira viagem internacional após garantir seu terceiro mandato na presidência da China em março de 2023.

Xi se reuniu com Putin mais de 40 vezes, incluindo virtualmente, mais do que qualquer outro líder. Os dois homens têm destacado sua relação como profundamente pessoal, trocando cumprimentos de aniversário e se referindo um ao outro como “velho” e “querido” amigo.

Para Xi, Putin é um líder autocrático com quem se identifica, e ambos culpam os Estados Unidos por impedir o avanço de seus países. Os dois líderes declararam uma parceria “sem limites” semanas antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, para se opor ao que consideram hegemonia americana.

Xi e Putin se veem como arquitetos de uma nova ordem mundial livre de interferência dos EUA. Os dois líderes promoveram agrupamentos multilaterais de países em desenvolvimento como a Organização de Cooperação de Xangai e o BRICS, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como forma de contrabalançar o Ocidente.

Xi e Putin provavelmente tentarão demonstrar força e solidariedade durante sua cúpula para mostrar a outros países que existe uma alternativa ao sistema global liderado pelos EUA.

“Temos as relações Rússia-China em um nível sem precedentes e, mesmo diante de situações internacionais graves, as relações entre os dois países continuam a se fortalecer”, disse Putin em uma entrevista à mídia estatal chinesa publicada na quarta-feira.

Comentários

Patrocinado