BBC
A caminho da recepção oferecida na noite desta terça-feira pelo presidente americano Donald Trump aos chefes de Estado presentes na ONU, o presidente Jair Bolsonaro comentou o revés político de seu principal aliado, que teve um pedido de impeachment contra si aceito na Câmara dos Representantes: “Ele vai ser reeleito no ano que vem”.
Não é a primeira vez que Bolsonaro se posiciona sobre a eleição americana, que acontecerá no ano que vem.
Enquanto a situação de Trump se complicava na Câmara, na tarde desta terça-feira, Bolsonaro se reuniu com Rudolph Giuliani, advogado de Trump e ex-prefeito de Nova York. Segundo Giuliani, a oposição a Trump faz “um jogo político doentio” ao seguir com o pedido de impeachment contra Trump.
Trump enfrenta sua pior crise na Presidência desde que o jornal Wall Street Journal reportou, citando um informante anônimo, que em telefonema de 25 de julho o presidente americano teria instado “cerca de oito vezes” o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, a trabalhar com Giuliani em uma investigação a respeito de Hunter Biden, filho do pré-candidato democrata Joe Biden e integrante do conselho de uma empresa de gás ucraniana. Em troca, Trump liberaria US$ 250 milhões em ajuda militar ao país.
Para os democratas, essa era uma tentativa dos republicanos de enfraquecer um oponente aproveitando-se de intervenção de um país estrangeiro.
Giuliani e Trump negam a articulação e pedem investigação contra Biden. O advogado do presidente americano ironizou as acusações contra Trump, comparando sua dimensão ao “não pagamento de uma multa de estacionamento”.
“Os democratas querem o impeachment de Trump por quê? Por que ele não pagou uma multa de estacionamento? Isso é um jogo político doentio, e felizmente Trump tem força para barrar isso”, declarou Giuliani.
“Mais pessoas saíram da pobreza no último ano do que em toda a história desse país. E não foi por causa das estúpidas políticas públicas deles (democratas), mas por causa do trabalho de Trump. Eles (os democratas) não têm condição de competir contra Trump, então inventam acusações falsas contra ele. E a acusação falsa que eles fazem é justamente o que Joe Biden fez. E não apenas uma vez, mas várias. E não apenas por jogo político, mas por dinheiro.”
Movimentação política
Democratas na Câmara dos Representantes acusam Trump e Giuliani de tentar coagir a Ucrânia, em troca de ajuda militar, a conduzir uma investigação “politicamente motivada” contra a família Biden, no que seria um “impressionante abuso de poder”.
Comitês da Câmara pediram que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, entregue documentos relacionados aos contatos entre Giuliani e autoridades ucranianas.
Giuliani, por sua vez, tem afirmado que Biden teria usado, de forma imprópria e quando ainda era vice-presidente no governo de Barack Obama, sua influência para conseguir que a Ucrânia demitisse seu então procurador-geral, que investigava os negócios de Hunter Biden.
Mas o procurador-geral também vinha sendo criticado pelo governo americano e por europeus, por supostamente barrar investigações anticorrupção. Biden e seu filho negam as acusações.
Segundo afirmou Giuliani nesta terça à imprensa brasileira, “a família Biden tirou milhões da Ucrânia. Eles tiraram US$ 1,5 bilhão da China. Isso é um crime real, que tem sido encoberto pela mídia esquerdista. Joe Biden foi à China negociar (acordos comercias) para os Estados Unidos quando ele era vice-presidente. Ele falhou na negociação. Mas levou seu filho com ele e alguns dias mais tarde o filho conseguiu US$ 1,5 bilhão da China. O negócio do filho é de recuperação de usuários de drogas”.