De acordo com informações divulgadas pela BBC NEWS BRASIL, um estudo desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de São Paulo – USP, indicou que o uso da Maconha pode colaborar com vício em Cocaína e Crack. 123 pessoas fizeram parte das análises para o desenvolvimento do estudo.
Acompanhando o histórico de 123 pessoas em etapas de um, três e seis meses — 63 dependentes de cocaína e usuários recreativos de maconha; 24 dependentes de cocaína, apenas; e 36 voluntários saudáveis, sem histórico de uso de drogas, compondo um grupo controle —, os autores afirmam praticamente “descartar” o uso da maconha fumada como estratégia de tratamento para dependentes de cocaína.
Isto porque, a médio e longo prazo, a associação entre essas drogas mostrou maior propensão à recaída e piora em capacidades cognitivas, como na atenção e memória. Mas não descartam, porém, o potencial de exploração para tratamento da dependência em cocaína de uma substância específica da maconha, o canabidiol, que, isolado, tem demonstrado seu efeito terapêutico para outros usos.
“A cocaína está no grupo das substâncias denominadas estimulantes, como a metanfetamina e outros sintéticos. Já a maconha tem uma classificação de droga perturbadora da atividade mental, que pode produzir efeitos psicóticos, mas cujo uso é associado a uma sensação de relaxamento, de diminuição da ansiedade. São efeitos encarados como complementares, portanto a frequência que vemos dos usuários associarem essas substâncias”, explica Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, primeiro autor do artigo, doutor e pesquisador em psiquiatria na Faculdade de Medicina da USP.
Resultados inéditos
Os dependentes em cocaína participantes passaram um mês tratando-se em internação voluntária no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP e, depois, foram acompanhados pela equipe. Eles eram predominantemente homens, com idades entre 25 e 35 anos e mais ou menos dez anos de escolaridade. Já o grupo controle foi formado por funcionários do hospital e de um posto policial próximo; por estudantes de uma escola nas redondezas; e moradores da vizinhança.
Um mês após a alta, mantiveram a abstinência 77% dos dependentes de cocaína que também fumavam maconha; após três meses, 35%; seis meses, 19%.
Já no grupo de dependentes de cocaína que não fizeram uso de maconha, 70% mantiveram a abstinência após um mês de alta; três meses depois, o percentual foi de 44%; e seis meses, 24%.
Assim, no primeiro mês, o grupo que também fumava maconha se manteve mais abstinente, mas depois do terceiro mês, a tendência se inverteu, indicando possíveis danos desta combinação de drogas em um prazo maior.