Mayowa Adeshina deveria, realmente, estar no trabalho. É domingo à tarde e ele ainda não terminou o seu turno no barbeiro. Aqui está ele, vestido com uma camisa vermelha e branca do Arsenal, apenas pela boa vontade do seu chefe. Bem, boa vontade é uma palavra. Ressignação é outra. “Eu fiz uma pausa pelo amor ao jogo,” disse o Sr. Adeshina. “O gerente sabe disso. Ele não é novo nessa rotina.”

Muitos africanos ocidentais vivem ao ritmo do futebol europeu, com multidões principalmente masculinas se reunindo do lado de fora de bares, salões de beleza, restaurantes de rua – qualquer estabelecimento, no final das contas, com uma tela – para assistir a ídolos jogando a milhares de quilômetros de distância. Real Madrid, Barcelona e Paris St.-Germain têm seguidores consideráveis na região, mas na Nigéria, nada se compara ao apelo da Premier League.

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Nos dias de jogo, fãs de todas as cores se dirigem aos centros de exibição – espaços de rua equipados com algumas telas, um quebra-cabeça de bancos de madeira, uma densa rede de fios e um toldo para bloquear o sol e reduzir o brilho – como o local em que o Sr. Adeshina e seus amigos se dirigiram para assistir ao encontro do seu amado Arsenal com o Tottenham Hotspur.

O Sr. Adeshina se tornou fã do Arsenal nos finais dos anos 1990, quando os canais de cabo nigerianos começaram a transmitir a Premier League. Seu irmão mais velho o instruiu sobre qual time ele deveria apoiar, em uma época em que Nwankwo Kanu, uma das maiores estrelas da Nigéria, era presença constante na escalação do time.

Se algo, porém, o Sr. Adeshina diz que sua ligação com o time é ainda mais profunda agora. A academia do Arsenal está repleta de jovens promissores de ascendência nigeriana. Uma das maiores estrelas do clube, Bukayo Saka, cresceu em uma família nigeriana em Londres. “Ele é Yoruba, eu sou Yoruba,” disse o Sr. Adeshina, em um tom bastante mais suave do que aquele com o qual ele comemorou o gol do seu ídolo no primeiro tempo contra o Spurs.

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