O embaixador do Líbano na Alemanha, Mustapha Adib, foi eleito primeiro-ministro depois de receber o maior número de votos nas pesquisas parlamentares organizadas pelo chefe de Estado, Michel Aoun, que anunciou nesta segunda-feira (31), a presidência libanesa.
A nomeação de Adib, de 48 anos, foi anunciada em um comunicado divulgado pela televisão estatal.
“Teremos êxito ao eleger uma equipe homogênea de especialistas”, disse o novo primeiro-ministro.
Ele é ligado ao ex-primeiro ministro Nayib Mikati. Com a eleição, Adib se torna o terceiro líder do Líbano em dez meses.
O país estava sem primeiro ministro desde o dia 10 de agosto, quando Hassan Diab renunciou. Seu governo caiu por causa da megaexplosão no porto de Beirute, no começo do mês, e em meio a uma onda de protestos.
Um novo começo
O presidente Michel Aoun, disse neste domingo (30), que chegou a hora de declarar o Líbano como um “Estado laico“, durante um discurso por ocasião do centenário do país.
“Peço a proclamação do Líbano como um Estado laico“, disse Aoun no discurso, no qual apontou que o país precisa “mudar o sistema“, após a enorme explosão no porto de Beirute no início de agosto e de meses de profunda crise econômica.
Aoun fez o apelo ao assegurar que está convencido– de que “só um Estado laico é capaz de proteger o pluralismo, preservá-lo, transformando-o em unidade verdadeira“.
O chefe de Estado, fez estas declarações às vésperas de uma visita de seu contraparte francês, Emmanuel Macron, que já tinha se declarado favorável a profundas reformas no país do Oriente Médio, ao visitar Beirute pouco após a explosão ocorrida.
O líder do movimento Xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, também afirmou no domingo que está disposto a discutir um novo “pacto político” no Líbano, onde as comunidades religiosas compartilham o poder em um sistema complexo.
Aoun havia ignorado até agora as reivindicações do movimento de contestação libanês, que surgiu em outubro de 2019.
Mas na noite de ontem, comprometeu-se a “pedir um diálogo entre as autoridades religiosas e os dirigentes políticos para encontrar uma fórmula aceitável para todos“, que provavelmente implicaria uma reforma constitucional.
Macron criticou na sexta-feira (28), “os limites de um sistema confessional“, que levou o Líbano a “uma situação em que praticamente não há regeneração (política) e na qual é quase impossível aplicar reformas“.
Após a explosão devastadora no porto de Beirute, que deixou pelo menos 188 mortos, a comunidade internacional aumentou a pressão sobre os dirigentes libaneses para que impulsionem uma ávida reforma em um país que atravessa uma profunda crise política, econômica e social.