O Chanceler Olaf Scholz, da Alemanha, tentou encontrar um equilíbrio delicado em uma viagem à China esta semana, promovendo laços comerciais com o maior parceiro comercial de seu país enquanto criticava o aumento das exportações para a Europa e o apoio à Rússia.

Durante sua visita, o Sr. Scholz se encontrou com o principal líder da China, Xi Jinping, no Diaoyutai State Guesthouse, em Pequim, o ponto alto de uma visita de três dias com uma delegação de autoridades e líderes empresariais alemães. Ele também estava programado para se encontrar com o Premier Li Qiang, enquanto os dois países navegavam em relações tensas devido à guerra da Rússia na Ucrânia e à rivalidade da China com os Estados Unidos, o principal aliado da Alemanha.

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Ao longo de sua viagem, o Sr. Scholz promoveu os interesses das empresas alemãs que estão encontrando cada vez mais dificuldades em competir na China. Ele expressou a crescente preocupação na União Europeia de que o mercado da região esteja se tornando um depósito para produtos chineses produzidos com prejuízo.

Esta foi a primeira visita do Sr. Scholz à China desde que seu governo adotou uma estratégia no ano passado que definiu a potência asiática como um “parceiro, concorrente e rival sistêmico”, pedindo à Alemanha que reduza sua dependência de produtos chineses.

A economia da Alemanha encolheu no ano passado, e suas fraquezas expuseram uma dependência da China para o crescimento. Os preços da energia aumentaram devido à guerra na Ucrânia, facilitada pelo apoio de Pequim ao Kremlin. As empresas alemãs têm pedido maior acesso à China e reclamado que enfrentam concorrência desleal.

Durante sua viagem, o chanceler visitou empresas alemãs com investimentos significativos na China, se reuniu com representantes comerciais e conversou com estudantes universitários.

“Concorrência deve ser justa”, afirmou o Sr. Scholz a um grupo de estudantes de língua alemã em Xangai. “Queremos um campo de jogo nivelado”, enfatizou.

A viagem do Sr. Scholz foi um exemplo do delicado equilíbrio que a Alemanha está tentando alcançar: manter laços econômicos com a China ao mesmo tempo que lida com a pressão dos EUA para se alinhar mais estreitamente com Washington contra Pequim. Ele também estava previsto para transmitir as preocupações geopolíticas e comerciais dos líderes europeus à China.

Em suas reuniões, o Sr. Scholz destacou o compromisso da Alemanha em fazer negócios com a China, mas também alertou que Pequim precisa controlar o fluxo de bens chineses para a Europa. Ao mesmo tempo, manifestou reservas sobre as investigações da União Europeia sobre o uso de subsídios pela China em indústrias de tecnologia verde, afirmando que qualquer discussão sobre comércio deve ser baseada na justiça.

“A isso deve ser feito a partir de uma posição de competitividade autoconfiante e não de motivos protecionistas”, declarou o Sr. Scholz aos repórteres.

Espera-se que o Sr. Scholz também levante preocupações sobre o apoio de Pequim à economia de guerra de Moscou, especialmente a continuidade das vendas à Rússia de bens com potenciais usos no campo de batalha.

Na discussão com estudantes em Xangai, o Sr. Scholz aludiu à guerra da Rússia na Ucrânia, afirmando que o mundo funciona melhor quando todas as nações abraçam alguns princípios básicos compartilhados.

“A competição deve ser justa”, assinalou o Sr. Scholz.

A China espera dividir a Europa e os Estados Unidos ao cortejar líderes como o Sr. Scholz. As reportagens da mídia estatal retrataram sua visita como demonstrando a força das relações da China com a Europa, destacando seus laços econômicos com a Alemanha.

A China certamente receberá com agrado a mensagem de que as empresas alemãs estão comprometidas com a China. O gigante asiático está tentando atrair investimentos estrangeiros para reativar sua economia, que diminuiu devido a uma desaceleração no mercado imobiliário. Algumas empresas e investidores ocidentais também foram abalados pelo foco do presidente Xi na segurança nacional, que consideram tornar mais arriscado operar no país.

Do ponto de vista chinês, a Alemanha pode ser sua melhor esperança de adiar ou amenizar restrições comerciais da Europa, afirmou Noah Barkin, um assessor sênior na prática da China no Rhodium Group, uma empresa de pesquisa.

Fabricantes de automóveis alemães investiram bilhões de dólares na China, e grande parte de sua receita vem de lá. Muitos temem que, se a Comissão Europeia impuser tarifas mais altas sobre as exportações chinesas, e Pequim retaliar, as empresas alemãs serão as mais prejudicadas.

“Se a China tiver uma guerra de preços com a Alemanha, ninguém ganhará dinheiro”, comentou Joerg Wuttke, um ex-presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China.

Funcionários chineses, por sua vez, rejeitaram as acusações europeias de práticas comerciais injustas, classificando-as como infundadas e como um ato de “protecionismo típico”. Eles insinuaram que poderiam retaliar contra quaisquer ações tomadas pela União Europeia, afirmando que a China estava “fortemente insatisfeita e se opõe firmemente” às suas investigações.

Wang Wentao, ministro do Comércio da China, esteve na Europa na semana passada para mostrar apoio de Pequim às empresas chinesas e resistir às acusações de que a China estaria inundando a região com produtos e representando um risco para os mercados globais.

Em uma entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, Wu Ken, embaixador da China na Alemanha, afirmou que a competitividade dos veículos elétricos chineses “depende da inovação, não de subsídios”.

“O desafio enfrentado pelos países desenvolvidos está mais no fato de que as empresas chinesas são mais eficientes”, acrescentou o embaixador.

Zixu Wang contribuiu com reportagens de Hong Kong.

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